Condenado na Alemanha por negar o Holocausto, o blogueiro Nikolai Nerling está no Brasil. O advogado Octávio Aronis, diretor de Segurança da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), disse que a Polícia Federal já foi alertada e está investigando o caso.
As autoridades brasileiras ainda não se manifestaram sobre o caso, mas, segundo Aronis, o blogueiro poderá ser extraditado, se houver um pedido formal do governo alemão, ou condenado no Brasil se cometer os mesmos crimes.
Em declarações publicadas no jornal O Globo, Thiago Amparo, professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas. disse que o Brasil é obrigado por tratados a reprimir o racismo e antissemitismo e portanto pode processar, com base no Artigo 7 do Código Penal, um eventual crime que ele possa ter cometido no exterior sobre o tema, segundo a lei brasileira, caso não tenha sido já condenado pela mesma conduta no exterior, e ele também pode vir a ser processado no Brasil se aqui continua a cometer novos crimes”.
Também em O Globo, Michel Gherman, professor de Sociologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Instituto Israel-Brasil (IBI), disse que as falas de Nerling são típicas de uma nova extrema direita. “Eles evitam a negação explícita do Holocausto e trabalham com uma certa relativização, não só do Holocausto, mas também do genocídio”.
Nerling , de 41 anos, já esteve no Brasil antes como turista, mas voltou agora com a intenção de se radicar no País. Na Alemanha, ele responde por 4 ou 5 processos por negar o Holocausto, o que é crime no país. Em fevereiro de 2018, ele foi condenado após negar publicamente o Holocausto no memorial do campo de concentração de Dachau. Em entrevista em O Globo ao jornalista Niklas Franzen, Nerling disse temer que seja preso caso volte para a Alemanha. Por isso, quer “esperar e ver no Brasil como as coisas se desenvolvem” lá. Ele não quis revelar onde está instalado no Brasil. Disse apenas que está em algum lugar no sul do País.